quinta-feira, 17 de julho de 2008

O tempo


O tempo é implacável.
O tempo cura,
É o remédio para todos os males.

O que há de clichê nisso, se sabemos que nada como o tempo para suavizar nossas saudades e reavivar nossos sonhos? Enfim, ele nos dá lucidez para percebermos o que verdadeiramente nos faz bem.
O tempo nos desgasta e nos maltrata, quase nos faz desistir enquanto desfila por nós a passos lentos e seguros. Ele se torna enfadonho e longínquo por demais. Um verdadeiro paradoxo diante à beleza inerente da vida.
Ainda que seja difícil perceber sempre mais uma vez, não devemos esquecer jamais: o tempo é nosso verdadeiro aliado. Nunca nos abandona...
Acreditar no tempo é ter consciência de que a vida nos reserva agradáveis surpresas, ainda que nos pregue desafios.
Sintamos o tempo passar por nós como uma orquestra em uma perfeita e suave sintonia.
Porque o tempo é assim...merece sempre aplausos...
Por ser sábio.
Por ser implacável!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Amor próprio


“O que olhos não vêem, o coração não sente”. Ainda que teimemos em achar exceção pra tal ditado, cada vez mais acredito que essa é a verdade do século. Se é doloroso e desnecessário ver algo, por que sentir e sofrer à toa? A curiosidade e a teimosia são um mal que atingem os corações partidos. Se disseres que isso é passageiro, concordo e digo mais: é experiência de vida para os principiantes no amor. Nada como um coração repleto de vontade de sentir, transbordando de existencialismo. Creio que foi para esses corações que foi criado o amor, para ser vivenciado em sua plenitude. E nessa esteira de visões e sentimentos, logo se descobre que o melhor amor que há de existir em nós é o amor próprio.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Amor puro?


Certo dia, estava pensando... será “ainda” possível que os relacionamentos sejam puros? Quando digo relacionamento, me refiro à de um casal, sejam enamorados, casados ou mesmo “amancebados”. Não tive resposta para tanto. A acepção da palavra pureza seria tão fundamentalista na mente de muitos, que chegariam à conclusão de que não, não é possível. Exigir pureza quando se trata de ser humano é almejar demais. Nós, como seres essencialmente emocionais (mais até que racionais), estaríamos tendenciosamente guiados a nos “poluir” com elementos tóxicos e sufocantes às relações. Então, divagando, despretensiosamente, cheguei a uma lúdica solução. Que tal sugerirmos a um cientista, desses cada vez mais numerosos estudiosos da relação humana, um desafio? O que seria de um casal, incondicionalmente apaixonado, que fosse imunizado de agentes deletérios externos, seja através de uma vacina, bolha, isolamento, o que for?
Seria tal casal eternizado pelo amor? Poderíamos dizer que se chegaria à fórmula do amor eterno? Definitivamente, não! Isso porque o amor possivelmente não se constrói nem sobrevive na pureza. Ele fomenta em ambientes impuros, às vezes, inclusive, em meios infectados. E isso, frise-se, não é algo prejudicial. Ao contrário, relacionamentos amorosos progridem mais intensamente quando se deparam com embaraços e estorvos, porque assim se fortificam na sincera superação. E nada mais construtivo do que a verdadeira superação consubstanciada na vontade de fazer valer à pena.

A renovação



Há quem diga que não se deve perder tanto tempo com a mente, principalmente quando esta está inquieta; que o atalho mais sábio para a felicidade seja a ignorância. Por vezes, cheguei a concordar com isso, mesmo que no fundo não me sentisse satisfeita com tamanha preguiça que nos motiva a optar por tais atalhos. Devo confessar que tal venda me trouxe avanços, deleites e até mesmo “amigos”. Pude descobrir uma faceta da existência seguida por muitos, que, digamos: ou não se permitem imergir numa confusão de pensamentos e sensações pela busca, talvez inócua, de uma razão de ser, ou desistem no transcorrer dessa estrada escaldante, ou sequer tenham tempo, paciência ou, quem sabe, cognição para tanto, preferem o imediato a uma possível sensação de loucura. Digo que tal fuga é algo escusável, porque não vencível. O mundo hodierno tem nos impulsionado para uma pilha de conveniências e objetivos pré-traçados, que perdemos de vista o mapa da essência de nós mesmos, inclusive os meios para alcançarmos o que chamam de felicidade. Ninguém sabe mais o que é ser feliz. Você sabe? Será que ser feliz é ter ou ser o que, em regra, não se tem ou é. Ou será conquistar o que o outro não conquista, por mero deleite e vaidade. Talvez definições mais casuais sejam: ser feliz é ter controle sobre tudo que transcorre na minha vida, é ter pessoas queridas ao meu lado, é guiar a vida em um eterno romantismo. Os biólogos seriam sucintos, diriam que ser feliz é a sensação decorrente de um fenômeno bioquímico, nada que a serotonina não possa dar azo. Felicidade, eu arriscaria, é algo profundo, íntimo de nós mesmos, algo relativo. Nada palpável ou recarregável, mas algo renovável por nós mesmos. Certa vez li em um rótulo de um botijão de água mineral: só é eterno aquilo que se renova. Sábias palavras. Pois bem, chega a hora de renovar-me. E nada se renova senão por esforço ou permissão. Me permito ser imersa em pensamentos, sensações, reações, tentativas. Eis o meio legítimo por meio do qual buscarei (também) a minha felicidade.